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Arroba do boi atinge valor recorde

Nem a retração do consumo interno, responsável por atender 80% da demanda produzida no País, é capaz de segurar o preço da arroba do boi gordo este ano. Sem gado para abate, o produto atingiu valores sem precedentes, com alta de 37% desde o início do ano passado, atingindo o pico histórico de R$ 146,22 na última quinta-feira. A perspectiva é de que o mercado continue firme, sofrendo pequenas oscilações ao longo do ano.

A redução do volume de cabeças de gado para abate ocorre pelo segundo ano consecutivo. Em 2014, a queda foi de 1,5%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a estimativa para 2015, conforme consultores, é um pouco pior, de até 5%.

Ao contrário do que acontece normalmente nesta época do ano, período da safra pecuária, o preço da arroba do boi em Goiás não sofreu nenhuma retração. A explicação é que os pecuaristas estão retendo o abate de matrizes, já que o preço do bezerro evoluiu 45% ao longo do ano passado. Essa é a principal explicação para a disparada do preço do boi e, consequentemente, dos valores dos cortes do varejo.

Demanda

O consultor em comercialização de boi, Rodrigo Albuquerque, explica que não só a tendência é de que o mercado do boi gordo permaneça firme, mas só não houve, agora, elevações mais fortes em função da demanda do consumidor. “A pressão da queda do consumo do mercado interno não está sendo suficiente para cair o preço, mas para impedir uma nova alta”, diz.

Mas ele orienta o pecuarista a não segurar toda a produção à espera de lucrar ainda mais ao longo do ano. “Aconselho a não deixar o cavalo passar arriado e vender a produção aos poucos, não sabemos como a força da retração na demanda pode refletir mais para frente”, diz.

“Se o consumo interno estivesse a todo vapor, teria mais firmeza para a arroba do boi subir ainda mais, mas o consumo está freando um pouco isso”, diz a analista da Scot Consultoria, Maisa Modolo.

De janeiro pra cá, a proprietária do açougue Boi Gordo Carnes, Flávia Azevedo, diz que as vendas dos produtos próprios para churrasco, uma dos lazeres dos goianos no fim de semana, estão em queda livre, caindo em 40%. “Hoje é comum chegar num açougue na hora do almoço num fim de semana e encontrar picanha. Isso antes não acontecia”, diz. Ela conta que já demitiu dois funcionários e explica que o pai, que é distribuidor de carnes, comercializou a metade do esperado mês passado.

Frigoríficos

Os frigoríficos também já começam a sofrer o desalinhamento de preços da cadeia produtiva. Enquanto o valor do bezerro subiu 45% ano passado, o preço do boi gordo elevou em 25%, do frigorífico 20% e o varejo, 12%. “Os frigoríficos começam a perder margem e não estão conseguindo vender para as redes atacadistas”, diz o vice-presidente da comissão de pecuária de corte da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), Leandro Stival.

Ele explica que algumas indústrias estão abatendo, por dia, a metade do volume de gado. “O desequilíbrio da cadeia não é bom, alguém corre o risco de quebrar no futuro”, explica. A analista da Scot Consultoria afirma que alguns frigoríficos já estão parcialmente paralisados ou em férias coletivas. “É uma estratégia para controle de estoques e evitar a redução dos preços das carnes, o que diminuiria ainda mais as margens”, diz.

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