Jotta Oliveira – Piranhas
Os casos de dengue registrados em Goiás nas cinco primeiras semanas de 2015 já são 34,47% mais numerosos que o total registrado no mesmo período do ano passado. Mesmo com o baixo índice de chuva, as estatísticas da doença vêm aumentando semana após semana em várias cidades do Estado. Alguns municípios apresentam índices alarmantes e têm merecido atenção especial, como Pirenópolis, que registrou aumento de 453% nas notificações. Em 2014 foram 78 casos registrados e este ano já são 432. Em Goiânia, o aumento chegou a 80%.
Com cerca de 6 mil habitantes, a cidade de Itaguaru, diante cerca de 120 quilômetros de Goiânia, se destaca no ranking do total de casos por habitante. No primeiro mês de 2015, a doença já havia atingido 28 em cada mil pessoas moradoras da cidade. Outros municípios da região central do Estado também detectaram preocupante aumento do número de vítimas. Rubiata tem uma incidência de 17,5 casos a cada mil habitantes, em 2015. Número parecido com Crixás, que apresenta 15,3 doentes em um grupo de mil pessoas.
O aumento dos casos de dengue vem deixando em alerta as autoridades goianas. A incidência de casos na região central do Estado vem obrigando as prefeituras a adotarem medidas rígidas. Além do tratamento aos doentes, as ações estão se concentrando na busca da eliminação das condições favoráveis para a proliferação do transmissor da doença, o mosquito Aedes aegypti. Até mesmo leis vêm sendo criadas para tentar obrigar as pessoas a evitar o acúmulo de lixo e outras situações que possam acumular água, fator facilitador da proliferação do vetor.
Em Pirenópolis o alto número de casos levou o poder executivo a elaborar uma lei para punir quem propiciar condições favoráveis à proliferação do mosquito. O projeto, no entanto, está sendo avaliado pela procuradoria do município e só deve entrar em vigor no final deste mês. Enquanto isso, a tentativa é de destruir possíveis focos criatórios. “ Fizemos uma ação em novembro, em que foram retiradas das ruas cerca de 200 toneladas de entulhos. Agora a situação está parecida. Descarta-se de tudo desde sofá velho, tanquinho, lata de tinta, resto de material de construção”, revelou o secretário de saúde local, Hisham Mohamad Hamida.
A preocupação em Pirenópolis é ainda maior pela grande quantidade de turistas que a cidade recebe. A proximidade do carnaval aumenta o nível de alerta nas sete unidades de saúde mantidas pela prefeitura. Há ainda, no local, um hospital estadual. “Nós já fizemos um trabalho de orientação com panfletagem que será intensificado no carnaval. Temos conseguindo atender a demanda. Não estamos com filas nas unidades”, garante o secretário de saúde.
O elevado índice de casos em Itaguaru levou o prefeito da cidade, Eurípedes Potenciano, a enviar à Câmara Municipal um projeto de Lei que institui multa para os moradores que apresentarem em suas residências condições propícias para a reprodução do mosquito da dengue. A expectativa é de que a partir da próxima semana a lei seja colocada em vigor. Três fiscais da vigilância sanitária serão os responsáveis pela fiscalização.
Em um primeiro momento, eles apenas notificarão os moradores que estiverem com alguma situação irregular. Após cinco dias, os fiscais voltarão à residência e, caso os problemas persistam, uma multa no valor de R$ 367 será aplicada. “ Infelizmente a sociedade tem o conhecimento, mas não tem noção da gravidade da doença”, comentou o chefe de gabinete da prefeitura local, Eurípedes Ribeiro dos Passos.
Em janeiro, 155 pessoas contraíram a doença em Itaguaru. Já no primeiro mês do ano o índice de doentes representa 68% do número de casos registrados em 2006, quando a cidade registrou a maior incidência de dengue da história, com 226 casos. “Estamos vivendo um momento crítico. Chegamos a realizar uma passeata na cidade, que reuniu cerca de 500 pessoas para chamar a atenção da população para o problema”, destacou o chefe de gabinete.
“A população descuidou muito. Se a Secretaria da saúde não promove campanhas e fiscalização o tempo inteiro, as pessoas não fazem a sua parte”, lamentou a secretária de saúde de Crixás, Pryscilla Naziozeno.