Daniel Vilela ergue os braços do adversário Nailton Oliveira, após a apuração dos votos: busca pela união partidária (Foto: Júnior Guimarães/Divulgação)
Após mais de 30 anos, o PMDB de Goiás será presidido por alguém que não teve apoio do ex-governador e líder da agremiação Iris Rezende. O deputado federal Daniel Vilela conseguiu ontem mais de 70% dos votos dos delegados do partido e é o novo presidente regional – teve 174 votos contra 63 que votaram na chapa do ex-prefeito de Bom Jardim Nailton Oliveira.
Mesmo assim, pelo seu discurso, Daniel sabe que para ter sucesso precisará encerrar o processo eleitoral o mais rápido possível e atuar pela unidade partidária. Pregou união, criticou o atual governo estadual e exaltou o adversário interno. “Quero cumprimentar o Nailton, que eu respeito pelo grande peemedebista que é”, disse.
Esta posição, aliás, já começou há algumas semanas. Mesmo não tendo o apoio de Iris, Daniel fez algumas visitas ao ex-governador durante a campanha, sinalizando que não quer entrar em confronto. Iris Rezende se manteve neutro no processo e liberou seus aliados mais próximos para tomarem o caminho que desejassem. Mesmo assim, muitos ligaram a candidatura de Nailton a Iris, já que vários aliados do ex-governador abraçaram a campanha do ex-prefeito – como a ex-deputada federal Iris de Araújo, esposa de Iris.
Não é segredo para ninguém que o projeto maior de Daniel Vilela é o Palácio das Esmeraldas em 2018. Ter o controle do diretório regional é muito importante, mas para ser eleito será necessário algo mais. O desempenho do PMDB nas eleições de 2014 mostra, por exemplo, que ir para uma campanha cara e densa, como a de governo do Estado, sem ter o partido unido em torno do mesmo fim, é nutrir um projeto fracassado na origem.
O primeiro grande desafio de Vilela como presidente será estruturar o partido para as eleições municipais de outubro. Dentre os municípios estratégicos, o principal é Goiânia, onde o único nome peemedebista viável é exatamente Iris Rezende.
Ou seja, é de interesse de Vilela que Iris seja candidato na Capital, vença as eleições e o apoie para o governo do Estado. Não é uma costura fácil, já que envolve personagens de dois grupos antagônicos – o grupo irista e o grupo maguitista. O convencimento, porém, é tarefa daqueles que miram o governo estadual.
De qualquer forma, Daniel Vilela parece que já entendeu a sua missão. Abandonou as críticas internas e elegeu um adversário comum (leia ao lado).
Se há uma lição que o PMDB pode tirar de todos os seus insucessos desde 1998 é que a desunião de suas lideranças só leva o partido à derrota. A estrada para o Palácio das Esmeraldas é eliminar os confrontos e frisar a união. Eis o caminho do novo presidente a partir de hoje.