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Eleito novo governador de Goiás, Caiado faz discurso por conciliação

Com a maior votação proporcional desde 1982 em Goiás – 59,73% dos votos válidos -, o senador Ronaldo Caiado (DEM) fez o primeiro discurso como governador eleito em tom de conciliação: “Teremos um processo de total pacificação no Estado de Goiás. Podem saber que o nosso governo não terá espaço para divisão”.

Em entrevista coletiva no QG da campanha, no Setor Marista, em Goiânia, na noite de ontem, Caiado fez acenos a adversários políticos, ao MDB, aos deputados eleitos e aos servidores públicos. “As pessoas sabem: cumprindo a lei, trabalhando corretamente, terão todo espaço por parte do governo. É um projeto que não tem nenhuma finalidade partidária e muito menos de poder”, disse, para completar: “Ao governar temos de ter a consciência de que as eleições acabaram neste momento”.

O senador contou que recebeu ligação do governador José Eliton (PSDB), candidato à reeleição que ficou com 13,73% dos votos válidos, e solicitou formação da equipe de transição “o mais rápido possível”. No entanto, ainda não anunciou nomes. Também não falou de integrantes da equipe de governo.

“Eu sou uma pessoa que, como se diz no interior, não passo o carro na frente dos bois”, respondeu, afirmando que pensará em nomes para a transição a partir de hoje. Sobre o quadro de auxiliares, ele reafirmou que não fez compromissos de espaços para aliados e lideranças políticas e que terá “toda liberdade para consultar, ouvir e indicar as pessoas para os cargos”.

Questionado sobre o perfil que buscará para o secretariado, ele também não quis detalhar. Disse que terá dois meses para as definições e que não se faz tratamento antes do diagnóstico. “Vamos por etapa, fazendo diagnóstico e depois gradualmente apresentado a solução para cada um dos setores.”

O futuro governador abordou por vários momentos as dificuldades financeiras do Estado, mas disse que Goiás conseguirá superá-las em pouco tempo. “Mesmo sabendo da situação fiscal preocupante, nada diminui a importância do Estado de Goiás e muito menos a sua capacidade de recuperar. Tenho certeza absoluta que, de mãos dadas, governo, servidores públicos e o povo, nós recuperaremos o Estado em pouco tempo e Goiás vai ser uma referência no cenário nacional, com gastos públicos chegando ao cidadão.”

Sobre a oposição, Caiado disse que saberá “entender e respeitá-la”, mas buscará diálogo: “Eu os chamarei para o bom debate, com argumentos, conteúdo, dados e informações”. Disse ainda que não haverá “maniqueísmo” na relação com a Assembleia Legislativa. “O legislador estar na base ou não estar na base não é impeditivo de apoiar um projeto de governo. Até porque eu estou falando em nome de quase 60% dos eleitores de Goiás. Então não é proposta de Ronaldo Caiado, é uma proposta que tem respaldo da população. Eu acho que não tem porque se criar essa tese maniqueísta.”

Caiado evitou comentar a derrota de toda a chapa da base governista. Desconversou quando questionado sobre os efeitos da Operação Cash Delivery e não quis falar sobre o destino político do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), quinto colocado na disputa ao Senado.

“Esse momento da política de Goiás é muito maior do que fulanizar, falar de uma pessoa ou outra. Temos de tratar o Estado como um todo. Não podemos realçar uma pessoa em detrimento de outra. Acho que cada um de nós cumpriu a nossa etapa e vamos ter de responder agora pelas funções que ocupamos”, afirmou sobre Marconi.

Mesmo evitando críticas diretas aos opositores, Caiado disse que sua vitória representa mudança no estilo de política e o fim de um ciclo. “É um ciclo se encerra e o começo de um outro ciclo. Uma outra metodologia. Buscar eficiência, transparência, diminuir o gasto da máquina pública e o próprio governador dando exemplo. Dando o bom exemplo você pode pedir aos demais o mesmo gesto.”

Questionado sobre busca por apoio do MDB do deputado federal Daniel Vilela, segundo colocado na disputa ao governo, com 16,14% dos votos, Caiado apenas agradeceu os emedebistas que estiveram ao seu lado. “O MDB foi parte fundamental na minha campanha.”

Prioridades

O governador eleito afirmou que a prioridade para o início da gestão é a recuperação da capacidade de empréstimo por parte do Estado e o equilíbrio fiscal. Com as contas no azul, ele diz que será possível retomar obras paradas e efetuar pagamentos em atraso. Ele não quis antecipar se vai levar adiante o projeto de concessão de rodovias e contratos de organizações sociais na área da saúde. “Temos de sentar e avaliar a situação fiscal do Estado. É essa que está aí, é melhor, é pior, é maior? Ninguém conhece.”

Caiado afirmou que vai se decidir sobre uma posição a respeito do segundo turno da disputa à Presidência amanhã, às 9 horas, em reunião do DEM nacional em Brasília. Nos bastidores, aliados disseram que é natural o caminho de apoio ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL).

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