Bartolomeu Xavier de Sousa Filho - Professor e escritor
Seu moço às vezes venho à cidade Mas só para alguma coisa comprar Gosto mesmo é de viver no mato Ter meus animais e uma horta pra cuidar Tudo isso próximo de um rio é claro Com bons poços para eu poder pescar
É no sítio que me sinto bem Logo cedo ouço a passarada cantar Pego o milho no paiol e debulho Para a galinhada alvoraçada alimentar Recolho os ovos frescos nos ninhos E colho os frutos maduros no pomar
Tiro o leite da Mimosa e da Açucena Que de tão mansas se pode até coçar Faço queijo, bolo, doce e requeijão Tenho um chiqueiro e um porco a engordar Como temperado com banha de porco, sim Sem com o tal colesterol me preocupar
Sinto o ar puro entrar em meus pulmões Vejo o mato ao sabor do vento balançar Deito na rede para tirar uma soneca Sem medo de uma bala perdida me acertar O cachorro faz as vezes do interfone Me avisando quando alguém chegar
Fecho os olhos e na quietude do silêncio A natureza manda a brisa me alertar: - Faça sua parte use só o necessário Para que nada possa vir a lhe faltar Sou pródiga e sempre serei generosa Com quem carinhosamente de mim, cuidar
Se quiser visitar esse meu santuário Estarei de braços abertos a te esperar Só lhe peço um pouco de paciência Porque antes preciso lhe confessar Este sítio sempre esteve em meus sonhos Mas infelizmente, ainda não consegui comprar
Autor: Bartolomeu Xavier de Sousa Filho Piranhas, agosto de 2019