A suspensão de aulas determinada pelo governo de Goiás, por meio de nota técnica da Secretaria de Estado de Saúde (SES), é obrigatória para as escolas públicas e privadas, em todos os níveis de ensino. “Não é opcional. Flexibilizamos a adaptação por dois dias. Quem optar por não seguir, medidas severas serão adotadas com a finalidade de evitar e diminuir a transmissão do vírus”, disse o secretário da pasta, Ismael Alexandrino. No entanto, o secretário não especificou quais podem ser as punições para quem não aderir à medida. A nota técnica pede que a paralisação das aulas ocorra “de preferência por meio da antecipação das férias escolares”. A medida vale inicialmente por 15 dias, “podendo tal paralisação ser prorrogável a depender da avaliação da autoridade sanitária do Estado”. Em live do jornal O POPULAR na última sexta-feira, o secretário havia dito que ainda não era o momento de suspender aulas. Questionado sobre o porque da mudança em apenas dois dias, Alexandrino afirmou que “não queria perder o timing”. Ele citou o aumento constante do número de casos suspeitos, que até o boletim deste domingo (15) somava 85 casos sob investigação, um número quase quatro vezes maior ao registrado no dia anterior, quando havia apenas 22 casos. Mais detalhes sobre a suspensão das aulas deverão ser explicadas por Alexandrino e pela secretária estudual de Educação, Fátima Gavioli, em entrevista coletiva às 10 horas desta segunda-feira.
Universitários de saúde
Apesar de frisar que a medida vale para todos os níveis educacionais, a nota técnica traz uma exceção: os estudantes da área da saúde. Em vez de terem as atividades suspensas, eles deverão ser capacitados para auxiliar no combate ao novo coronavírus e podem ser convocados caso seja necessário. Questionado sobre quais cursos da área de saúde o documento se refere, o secretário reforça que são todos. “Não é só medicina, não é só enfermagem, mas também a fisioterapia, a psicologia, todas as áreas, pois cada uma tem uma importância na completude do sistema de saúde”, diz o secretário. Sobre os universitários de saúde, a nota técnica recomenda “que sejam incluídas imediatamente, e em todas as disciplinas e períodos, aulas alinhadas às orientações técnicas dos protocolos do Ministério da Saúde e da SES-GO”. Alexandrino explica que o objetivo dessa determinação é que todos, de acordo com o viés de cada curso, possam do primeiro ao último período receber aulas relacionadas a tudo que tenha a ver com o novo coronavírus, assim como os diagnósticos diferenciais com as sídromes respiratórias agudas (Sars), desde a epidemiologia como o impacto na sociedade, anaminese e farmacologia, ou seja, a saúde coletiva como um todo. “Além do ensinamento, a ideia é que tenhamos um batalhão, um exército verdadeiro de pessoas bem instruídas, com credibilidade e informação técnica na ponta da língua, para que possam informar suas famílias, seus amigos, porque a guerra hoje do vírus é a guerra da comunicação. Quanto mais tivermos uma comunicação efetiva e aderência de ações que impactam na diminuição do vírus, mais ação positiva a gente vai ter”, explica. Mas, de acordo com a nota técnica, esse “batalhão” pode ser empregado também no trabalho direto com os pacientes. “A qualquer tempo, o poder público poderá convocar todos os graduandos da saúde a ajudarem nas unidades de saúde atuais ou que venham a ser montadas com a finalidade de combater a pandemia e outras implicações ao sistema de saúde relacionadas à Covid-19”, diz o documento.
Para o secretário, além da ação imediata, o foco nos universitários terá um reflexo positivo a longo prazo. “Teremos profissionais que nos próximos anos estarão muito mais preparados para o diagnóstico de doenças respiratórias agudas, que é um grande problema dos nossos prontos-socorros independente do coronavírus. É uma patologia que atinge a grande maioria dos atendimentos e muitas vezes as avaliações não condizem com os quadros, o que gera prejuízo ao sistema e ao cidadão.”