Estudantes estão presos na sede da Polícia Federal, em Goiânia (Foto: Paula Resende/G1)
Quatro estudantes de medicina da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) foram presos nesta terça-feira (17) suspeitos de fraudar vestibulares em seis universidades públicas e privadas de Goiás, Minas Gerais e do Distrito Federal. A Polícia Federal também investiga a participação de um deles no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014.
Os investigadores informaram apenas que os jovens têm entre 19 e 23 anos e cursam o 2º semestre de medicina em Goiânia, onde moram. Eles foram presos nas próprias casas, onde também foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Em seguida, os agentes os encaminharam à sede da Polícia Federal, onde prestam depoimento.
A investigação começou pela própria PUC-GO no mesmo dia em que as provas do processo seletivo que está em andamento foram aplicadas, no último dia 7 de novembro.
“Levantou a suspeita durante o procedimento de fiscalização porque eles se comportaram de maneira estranha, saíram rápido. E um deles levou um recorte de uma das provas, que já é uma burla do edital. Isso já levantou uma suspeita”, explicou o delegado regional de combate do crime organizado da Polícia Federal, Jocenildo Cavalcante.
Segundo a vice-reitora da PUC-GO, Olga Ronchi, de imediato, se instaurou uma comissão para apurar o caso. “Foi detectado forte indício de que havia alguma anomalia que feria inclusive o edital. A PUC nomeou uma equipe que trabalhou a partir daquele momento fazendo o cruzamento de dados e chegamos a indícios bem concretos de que havia um grupo para, provavelmente, uma tentativa de fraude”, declarou a vice-reitora.
Olga explicou ainda que os universitários se inscreveram no processo seletivo com os próprios nomes e como candidatos aos cursos de administração e zootecnia. Não há indícios da participação de funcionários da instituição no esquema.
O delegado acredita que os jovens se inscreveram para colher e repassar o conteúdo do exame a terceiros. “Eles ficam durante o período mínimo necessário para poder sair com o conteúdo em mãos e depois repassam a outras pessoas que faziam as transmissões dos conteúdos sigilosos aos beneficiados”, explicou Cavalcante.
Com os depoimentos, a corporação busca identificar possíveis beneficiados e outros integrantes da quadrilha. De acordo com a PF, os universitários também se inscreveram em processos seletivos de instituições em Brasília e em Ouro Preto (MG). Por isso, eles apuram se a participação deles foi criminosa nesses certames.
Como um dos suspeitos também se inscreveu no Enem de 2014, uma suposta fraude no exame é apurada. “Um deles participou do Enem de 2014, ja que ele está envolvido nesse tipo de fraude é um elemento para a gente aprofundar a investigação”, disse Cavalcante.
Em nota enviada ao G1, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disse que “não tem conhecimento de nenhuma fraude envolvendo o Enem”. Ainda de acordo com o comunicado, todo o processo de preparação, implantação e realização do exame foi feito em parceria com a PF. Segundo o órgão, envolvidos em qualquer tentativa de irregularidade no Enem serão eliminados do exame a qualquer tempo, conforme prevê o edital.
Caso seja comprovado o esquema, os jovens serão indiciados por associação criminosa, que prevê de 1 a 3 anos de prisão, e por fraudes em certames de interesse público, com dano à administração pública, com pena de 2 a 6 anos de reclusão e multa.
A PUC-GO informou que também possui um processo administrativo em andamento. Segundo a vice-reitora, se comprovado o crime, os estudantes de medicina podem ser expulsos da instituição.
A universidade informou que o cronograma deste processo seletivo segue em andamento para não prejudicar os 7 mil inscritos. Além disso, candidatos que estejam comprovadamente envolvidos com tentativas de fraude serão desclassificados e responderão administrativa e criminalmente.