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Reações da vacina contra o HPV

Foto: Ilustrativa/Reprodução

A prevenção é a principal “arma” contra qualquer doença, e a melhor forma de prevenir é com a vacina. O Ministério da Saúde e as secretarias dos Estados e municípios promovem durante o ano diversas campanhas de vacinação contra as mais variadas enfermidades, a fim de preveni-las. A mais recente é contra o HPV, porém, tem provocados efeitos colaterais em algumas pessoas.

Entre os diversos casos que ocorreram pelo Brasil, está o de Monique, 14 anos, que mora em Friburgo (SC). Sua mãe, a doméstica Neide Fátima Sonda Petry, define a filha antes da vacinação: “Monique era uma menina sadia com uma vida ativa, cheia de saúde. Nunca teve nada, nem alergia, até então tomar a vacina contra o vírus HPV.”

A garota tomou a vacina, dia 18 de março, na Escola de Educação Básica Gonçalves Dias, e no mesmo dia, começaram as reações, que elas ainda não estavam certas se havia relação com a vacina. “Perna endurecida, formigamento na perna e pé direito, fadiga, insônia, dores na barriga e cabeça, desmaios, trombose venosa profunda das veias femoral comum, e porção proximal da femoral superficial, trombose de segmento inicial da veia safena magna, e veias obstruídas na perna direita”, cita Neide.

Além disso, a doméstica afirma que sua filha quase não caminhava, pois a dor e o inchaço tomaram conta da perna da menina. “Com os remédios anticoagulantes passou a dor, mas a perna continua inchada e com cor diferente. Já estamos há quatro meses em tratamento, mesmo medicada, ainda aparecem sintomas como infecções, dores de cabeça e visão turva”, diz.

Os sintomas que sua filha apresentava, preocupava Neide, e elas procuraram um atendimento médico. “Procuramos o Pronto Atendimento (PA), falaram que era só uma dor, era para tomar paracetamol e liberaram. Saímos do PA e fomos ao hospital, ficamos 14 horas em observação, e liberaram, falaram que estava normal”, relata. A mãe relata que saíram do hospital e foram procurar atendimento em outra cidade, onde realizaram consulta com um médico especialista. “Um vascular consultou e fez exame dopller. Falou que era grande o risco de morte, já começou o tratamento com anticoagulante”, explica. 

Questionada se devido ao efeito da vacina, sua filha deixou de realizar alguma atividade, ela é direta: “30 dias sem aulas, repouso absoluto com perna elevada, o resto do ano sem exercícios, sem educação física e uso de meia elástica”, diz. Sobre o estado atual de Monique, a mãe explica: “Apenas a dor na perna parou, continua com a perna inchada e cor diferente, sempre com algum sintoma novo, infecções, dores na cabeça, na barriga e cansaço.”

Exemplo

A estudante Rafaella Barbosa, 13 anos, moradora de Rezende (RJ) também sofreu reações após ser vacinada contra o HPV. Tomou a vacina, dia 21 de março, na escola em que estuda, duas horas depois, já estava sentindo reações adversas. “Comecei a sentir dor no braço onde tomei a vacina e muita dor de cabeça. Aí fui para casa e chamaram minha mãe que estava trabalhando. Minhas dores aumentavam e, quando minha mãe chegou em casa, ela me deu um remédio para as dores. As minhas dores não passavam e então, no dia seguinte, minha mãe me levou ao Pronto Atendimento de um hospital na cidade onde moro”, diz.

Rafaella explica que já estava com a mão e o braço direito inchados e no hospital, seu caso foi tratado como tendinite. “Fui para casa, mas minhas dores no braço só aumentavam e minha mão mais inchada ainda. Fui então à clínica ortopédica onde o ortopedista suspeitou de distrofia reflexa, ou síndrome da dor. Segui então para médicos em vários lugar, inclusive no Rio de Janeiro, mas os médicos não conseguiram tratar meu problema. Fomos a São Paulo procurar tratamento aonde comecei o procedimento para a distrofia, mas o dinheiro dos meus pais acabou e passamos a tratar na rede pública”, afirma.

Com o passar do tempo, a jovem começou a sentir tonturas e dores de cabeça, além de dificuldade em enxergar, formigamento nos pés, dificuldades para andar. “Tinha muitas dores no braço, as minhas mãos muito inchadas, eu não podia nem sentir o vento no meus braços, minhas mãos, era muita dor”, relata.

Devido às dores de cabeça e visão, a mãe de Rafaella a levou no oftalmologista. “Ele diagnosticou edema de papila e mandou que fosse feita ressonância nuclear cerebral. Foi diagnosticada pressão intracraniana ou pseudotumor. Fui para Uberlândia para um neurologista especializado que fez muitos exames. Eu estava com dezoito veias obstruídas no cérebro, coluna, pescoço e entre coração e pulmão. Foi feito um procedimento para desobstruir minhas veias. Nesse tempo eu só conseguia andar de cadeiras de rodas, já não dormia mais”, conta.

A estudante afirma que agora se sente um pouco melhor, mas terá de fazer outro procedimento. “Estou de repouso por três meses. Não fui mais à escola desde o dia da vacina. Hoje eu não posso fazer esforço físico, não posso correr e nem me movimentar muito”, relata.

Rafaella afirma seu estado atual: “Estou melhorando, mas ainda não estou muito bem, e não sei como vou ficar daqui para frente”, diz a estudante que concede sua opinião sobre a vacina contra HPV. “Eu não sabia nada da vacina, só que era para fazer o bem. Hoje sei que depois que eu a tomei fiquei muito mal, quase morri”, finaliza.

HPV

Muito vem se falando sobre essa doença e as vacinas, mas o que é HPV? A coordenadora de eventos adversos pós-vacinal da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, Tânia Cristina Barboza, explica: “É um vírus com mais de 150 sorotipos, pode ser contagioso”, diz. Explica ainda que alguns vírus levam à formação de verrugas genitais e ao câncer de colo de útero, que é a terceira causa de óbito por neoplasia em mulheres no Brasil.

Questionada se existe forma de prevenir a doença, ela cita três maneiras. “A prevenção através do Papanicolau, o uso de preservativos e a vacina quadrivalente, que possui quatro sorotipos (dois para a verruga genital e dois contra o câncer de colo de útero)”, explica.

Acontecimentos

Nos últimos dias, alguns sites e redes sociais vêm divulgando casos de meninas que sofreram alguma reação adversa após tomar a vacina. Tânia afirma que o Ministério da Saúde divulgou a informação: “Em relação ao evento de São Paulo, está sendo acompanhado pelo ministério, e tem relação de temporalidade, mas não existe causa e efeito”, diz, explicando que não foi comprovado nada. 

A publicação também diz que o Ministério afirma que essas reações são de ansiedade das meninas, e comenta sobre Goiás:”Aqui no Estado não existe nenhuma notificação de eventos adversos”, diz. E ainda afirma que em Goiás estão ocorrendo apenas alguns relatos isolados, e que não tem percebido diminuição na procura pela vacina.

Vacina 

Apesar de toda a discussão existente, a coordenadora afirma que a implantação da vacina é um ganho para a sociedade. “O impacto vai ocorrer a médio e longo prazos”, diz. Em relação às reações, toda vacina é um produto farmacêutico que não está isento de provocar reações, e cita algumas delas: “Dor, edema, inchaço no local, vermelhidão, cefaleia, febre de 38 graus e sincope ou desmaio, induzido a partir do medo, ansiedade”, diz, destacando que os mais comuns são dor local, cefaleia, alergia e nas pessoas mais sensíveis, desmaios, além de alergias, para quem tem pré-disposição.

Tânia afirma que na primeira dose, apenas 0,09 % das delas provocaram algum tipo de reação, e comenta sobre a quantidade de vacinação. “A cobertura vacinal da primeira dose foi de 90,16%”, informa, destacando que a média esperada é de 80%.

A campanha de vacinação da segunda dose teve início dia 1º e vai até 1º de outubro. “Hoje (ontem), até o momento, nenhum evento”, diz. A profissional afirma que a meta do Ministério da Saúde é vacinar meninas de nove a 13 anos. “Este ano, foi iniciado na faixa de 11 a 13; em 2015, será entre nove a 11 anos, e em 2016, será a partir dos nove anos de idade”, diz.

A coordenadora diz que a vacina não é indicada para gestante, mas destaca a importância das meninas se vacinarem. “Façam manutenção da segunda dose. É uma garantia de proteção até a terceira dose, daqui há cinco anos”, finaliza.

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