O governador Ronaldo Caiado (DEM) declarou, nesta sexta-feira (24/04), que avalia endurecer o isolamento social e fechar todo comércio não essencial novamente. O último decreto estadual autorizou a retomada de alguns setores da economia. No entanto, mais atividades foram liberadas por muitos prefeitos, o que preocupa o governo. Caiado afirma que o isolamento social no estado caiu para 42,5%. O político ponderou que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) permite aos municípios uma autonomia para definir sobre o isolamento social. “O que estamos assistindo agora é um prefeito disputando com o outro quem libera mais [o comércio]. Eu quero pedir a compreensão de todos nesse momento. Não brinquem. Nós podemos jogar por terra um trabalho de 40 dias”, disse. Ao ser questionado se pensa em fechar todo o comércio, Caiado afirmou que avalia a situação. Ele destacou que o estado chegou a ser o primeiro do país no índice de isolamento social, com 66,4%, mas que agora está abaixo da metade. Boa parte dos municípios liberou atividades comerciais desde o dia 20 de abril, após o decreto estadual. Porém, todos os estabelecimentos têm que garantir medidas sanitárias para combater o coronavírus. Em Aparecida de Goiânia, por exemplo, a prefeitura autorizou a retomada de 80% do comércio a partir da próxima semana. Caiado explicou que, mesmo com a construção de hospitais de campanha e a estadualização de outras unidades, se o número de casos aumentar muito rápido devido a essas medidas de flexibilização, não haverá capacidade para atender todos os pacientes. “Nós não temos a infraestrutura. Nem mesmo o hospital de Águas Lindas, que é uma obra federal, não será entregue a nós com monitor nem com respirador. Se o paciente sobreviver com a máscara de oxigênio, bem. Mas se ele precisar ser entubado para receber uma respiração mecanizada, ele não tem como ser atendido”, disse.
Aglomerações
Desde a flexibilização do isolamento social, houve um aumento no número de usuários do transporte coletivo e no movimento de carros em ruas de Goiânia. Como o decreto estadual estabelece que os ônibus podem circular apenas com passageiros sentados, isso tem causado uma grande aglomeração e espera entre os usuários. Alguns deles chegam a ir sentados no chão para não se atrasar mais para o trabalho. O governador ressaltou que os setores que tiveram a autorização para reabrir não causariam tamanha aglomeração. Algumas das atividades, inclusive, se comprometeram a oferecer transporte privado aos funcionários. O governado acredita que haja uma subnotificação dos casos de coronavírus no estado. No entanto, não citou dados ou municípios onde o problema estaria acontecendo. “O Lacen [Laboratório de Saúde Publica Dr. Giovanni Cysneiros] zerou todos os exames que chegaram até o final de semana. O que está ocorrendo é algo muito grave: o prefeito, não querendo saber se tem um maior percentual na cidade de casos, remete que existem suspeitos, mas não tem a coleta do material”, completou.
Repercussão
O prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale (DEM), disse que concorda com o posicionamento do governador de que é preciso tomar cuidado com a flexibilização do comércio. “É uma preocupação de todos nós. Temos que ver o que cada município preparou para poder flexibilizar a economia. Tem que ser de uma forma equilibrada, em cima do bom senso. Esses municípios precisam ter uma estrutura para dar atendimento caso venha a aumentar o número de casos”, afirmou. Em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, a prefeita Edna Aparecida (Pros) disse que o comércio na cidade foi reaberto no último sábado (18) e ainda não tem dados do reflexo dessa flexibilização, o que só será possível calcular na próxima segunda-feira (27). Ela pontuou ainda que, nos últimos 15 dias, a cidade só registrou cinco novos casos da Covid-19, número considerado dentro da média.
Evandro Magal (PP), prefeito de Caldas Novas, no sul goiano, afirmou que o município vai apoiar o que o governo estadual decidir.