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Criança de três anos que teria sido violentada por líder de seita presta depoimento em Caiapônia

Uma menina de três anos presta depoimento acompanhada de familiares na manhã desta segunda-feira (7/01) na delegacia de Caiapônia. A garota teria sido violentada pelo líder espiritual Nilson Alves de Sousa, de 49 anos, preso na última sexta-feira (4/01) suspeito de abusar de três meninas de 7, 10 e 13 anos. Delegado responsável pelo caso, Marlon Souza, afirma que com a prisão, novas vítimas devem procurar a delegacia do município para registrar as denúncias.

A garota é a 4ª possível vítima identificada até o momento, mas o delegado acredita que novos casos devem aparecer. “Acreditamos que muitas pessoas possam ter sido vítimas de Nilson e que além de acreditar, temem suas ações. Muitos dos frequentadores do local possuem alto poder aquisitivo e muitas vezes isso causa vergonha ainda maior. Sabemos que alguns pagavam em dinheiro e também trocavam favores. Quem tiver alguma denúncia precisa procurar a delegacia de Caiapônia”, completa Marlon Souza.

O delegado afirma ainda que o líder não sabe, sequer, se identificar. “No local encontramos o crucifixo cristão; uma estrela de Davi usada pelo Judaísmo, além de outras religiões. Ele também fala em sacrifícios de magia negra e se intitula como médium espírita. É um charlatão”, finaliza.

Prisões

Além de Nilson Alves, a avó materna das três garotas também foi presa na sexta-feira porque é apontada por levar as netas ao local e oferecê-las em troca de serviços sexuais. Segundo relatos iniciais da mulher à Polícia Civil, ela buscava enriquecimento.

As meninas de 7 e 10 anos são irmãs, primas da de 13 anos e o caso veio à tona depois que as mães das crianças foram até a delegacia para registrar as ocorrências. Em depoimento, as vítimas relataram os abusos. Segundo o delegado, ele chegou a ter conjunção carnal com as duas mais velhas. Com a menina de 7 anos, ele manteve sexo oral, masturbação e admitiu ter tocado nas suas partes íntimas.

Descrição em diários

Os abusos foram descritos em diários e o homem escreve: “Tudo ficou mais forte quando mudamos para o acampamento. Lá (nome) sempre me seduzia (…) teve até penetração com consenso com pênis também”. No caderno ainda consta que “no acampamento com (nome) teve toques com o dedo nas partes íntimas dela muitas vezes também. Com (nome) só parou quando ela começou a sentir dores, mas com (nome) continuou”.

No caderno o líder espiritual diz que chegou a pensar em convidar outro homem para participar do que ele chama de “farras de amor”, mas que o convite não chegou a ser concretizado porque esta pessoa “não teria coragem e só serviria para fazer caridade e para prestar trabalho ao próximo”. O delegado detalha que, ao ser preso, Nilson agradeceu o trabalho da polícia, já que temia que a entidade que o possuía no momento dos abusos poderia pedir algo mais sério das meninas, inclusive a morte delas.

Inquérito tem prazo

O delegado diz que tem dez dias para concluir o inquérito e que deve ouvir outras pessoas que procuravam o líder espiritual. Marlon Souza Luz relata que o mesmo diário contém muitos nomes de pessoas que procuravam por Nilson em busca destes trabalhos espirituais. “Queremos saber o que este homem oferece para que as pessoas o procurem e o que ele pede em troca, queremos saber se mais pessoas, crianças ou não, também foram vítimas de algum abuso”, destaca.

A operação deflagrada nesta sexta-feira (4), com o apoio da Polícia Militar, se chama Anjos da Guarda 2. O delegado explica que essa é a segunda operação e que outras serão deflagradas nos próximos dias. “Queremos ser anjos para essas crianças”, diz.

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