Representantes de servidores foram impedidos de acompanhar votação (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) aprovou em primeira votação, na quarta-feira (2/12), o projeto que adia para o ano de 2018 o pagamento da segunda parcela da reposição salarial dos servidores públicos do estado. A sessão foi marcada por tumulto e até por spray de pimenta lançado. Projeto pode entrar em segunda e última votação já nesta quinta-feira (3).
A sessão começou no fim da tarde da quarta-feira com protesto dos servidores. Alguém que acompanhava a sessão jogou spray de pimenta no plenário. Já em um novo local, o projeto foi aprovado pelos deputados por 24 votos a favor contra 7.
A oposição tinha proposto antecipar a parcela do fim de 2016 para o início do ano que vem ou fazer o reparcelamento da data-base ao longo de 2015. No entanto, nenhuma das emendas foi aceita pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O deputado estadual José Nelto (PMDB), líder do partido na casa, criticou a aprovação e fez críticas ao governador do estado.
“Massacrou todo o servidor do estado de Goiás, negando aquilo que ele prometeu durante o período eleitoral. Ele [o governador] deu um cheque pré-datado, só que agora o cheque não tem fundo”, afirmou.
O projeto deve voltar para votação na tarde desta quinta-feira. Caso seja aprovado, mais de 50 mil servidores públicos estaduais deixam de receber a segunda parcela da data-base este ano para só receber em 2018. A reposição salarial foi aprovada em 2013, depois de 3 meses de greve da Polícia Civil, que chegou a ocupar a Alego. O acordo feito dividia o reajuste em quatro parcelas de 12%, a partir de 2014.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol), Paulo Sérgio Alves Araújo, afirmou que os servidores não podem admitir o adiamento. “O respeito que cobramos é o cumprimento da parcela de 12,33% de reposição salarial”, disse.
Confusão
A sessão foi transferida de lugar depois que alguém que acompanhava a votação jogou spray de pimenta no plenário da Alego. Diante disso, o presidente da Assembleia, Hélio de Sousa (Dem) mudou as atividades para o auditório onde acontecem as reuniões da comissão. A imprensa foi liberada para acompanhar a votação depois de muita pressão. Alegando falta de espaço, os representantes dos servidores foram impedidos de entrar no auditório.
“Nós lamentavelmente tivemos o problema de que alguém jogou produto químico no plenário. Nós temos a autonomia para, dentro da Assembleia Legislativa, ocupar os espaços disponíveis”, justificou o presidente da casa.
Impedidos de participar da sessão, servidores manifestaram indignação. A servidora da educação, Ailma de Oliveira, afirmou que a mudança de local foi uma manobra utilizada pela casa para aprovar o projeto que contraria os direitos dos trabalhadores. “Isso aqui é a utilização de artifício contra a democracia, um absurdo o que estão fazendo”, desabafou.