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Goiás, bem como todo o País, tem enfrentado o grave problema do excesso de peso da população. De acordo com a coordenadora de Vigilância Nutricional da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa), da Secretaria da Saúde (SES), Maria Janaína Cavalcante Nunes, dependendo da faixa etária dos goianos, o índice de pessoas obesas chega a atingir mais de 50% da população atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e registrada no Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional.
A prevalência da obesidade em Goiás recai sobretudo sobre os adultos e os idosos. Os idosos são também considerados os mais sedentários, de acordo com pesquisa do Ministério da Saúde (MS). Porém, o problema do excesso de peso tem sido cada vez mais frequente e crescente entre as crianças, principalmente na faixa etária dos cinco aos dez anos de idade.
Estudo inédito do MS, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de agosto de 2013 a fevereiro de 2014, revelou que 60,8% das crianças com menos de dois anos de idade comem biscoitos, bolachas e bolos e que 32,3% tomam refrigerantes ou sucos artificiais. No Centro-Oeste, o índice atinge 65,3% das crianças, que consomem esses alimentos e 37,4% tomam refrigerantes, superando a média nacional, o que reforça e comprova o crescimento da obesidade na infância.
Como evitar
Segundo Janaína Nunes, para evitar a obesidade é fundamental rever o modo de vida. “É necessário que as pessoas encontrem uma maneira de preparar o seu alimento e saibam escolher os mais saudáveis, evitando frituras e industrializados, que elevam muito a pressão arterial e podem causar diabetes”.
“O primeiro passo é fazer o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e, em seguida, procurar uma unidade de saúde para tratar o problema. Caso seja necessário, o clínico geral fará o encaminhamento do paciente para um especialista”, orienta ela.
Males da obesidade
“Temos desde problemas fisiológicos ou problemas que são agravados ou ter a obesidade como patologia de base. Por exemplo, quem é obeso está mais propenso a diabetes, a problemas locomotores e altas taxas de colesterol. Essas são as doenças mais simples e evidentes, mas até mesmo o câncer está associado ao excesso de peso”, alerta.
Problema global
O excesso de peso e a obesidade são fatores de risco para as chamadas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), que constituem um problema global de saúde e corresponderam por 74% das mortes no Brasil no ano de 2012, segundo dados do MS. Já a hipertensão é uma das principais causas de morbidade cardiovascular e fator de risco para o Acidente Vascular Cerebral (AVC). A doença causa 7,5 milhões de mortes no mundo, equivalente a 12,8% do total.
Mortes
Segundo a OMS, 3,2 milhões de mortes que ocorrem todos os anos são atribuídas à falta de atividade física e ao sedentarismo, que é também o quarto maior fator de risco de mortalidade global, responsável por pelo menos 21% dos casos de tumores malignos na mama e no cólon, assim como 27% dos registros de diabetes e 30% das queixas de doenças cardíacas.
As doenças crônicas são responsáveis por 72,4% das mortes dos brasileiros. O Ministério quer diminuir em 2% ao ano o número de mortes por estas doenças até 2022. O investimento no Sistema Único de Saúde (SUS) em Atenção Básica, responsável por resolver até 80% dos problemas de saúde, cresceu 106% em quatro anos, chegando a R$ 20 bilhões em 2014.
Prevenção e tratamento
Segundo Janaína Nunes, os serviços de atendimento aos pacientes obesos estão sendo organizados em todo o Estado. De março a agosto deste ano, profissionais de 174 municípios goianos foram capacitados para a realização desse tipo de atendimento. O objetivo é capacitá-los para detectar, prevenir e saber tratar a obesidade, tanto no atendimento individual quanto no atendimento coletivo.
Alerta aos municípios
As Portarias Nº 424 e 425, ambas de março de 2013 do MS, estruturam os serviços de atendimento às pessoas com obesidade (incluindo casos graves) e trazem um incremento para a realização desse atendimento nos municípios. “Por meio dessas portarias, os municípios poderão elaborar linhas de prevenção e cuidados no tratamento da obesidade que, uma vez aprovadas pelo MS, receberão um incremento que pode chegar até a 180% da tabela SUS e assim, eles receberão recursos para desenvolver o atendimento, de melhor qualidade e para um número maior de pessoas, no interior do Estado”, explica a coordenadora.