Médica Maria Jamile (Foto: A.P.)
A descoberta da pílula rosa por especialistas dos Estados Unidos despertou em mulheres de todo o mundo a curiosidade de como esse medicamento pode ajudar a melhorar a qualidade de vida de quem sofre com a falta de desejo sexual. A médica Maria Jamile Ribeiro Duarte Nogueira – que ajuda casais há anos, desvendando os segredos para uma vida sexual saudável e prazerosa – estudou sobre o assunto e explica que o primeiro mito que deve ser esclarecido é que a Addyi não deve ser chamada de Viagra feminino.
“Muitas pessoas tem chamado a pílula rosa de Viagra feminino, mas isso é um engano. A pílula rosa atua em certas áreas do cérebro e, no caso da pílula azul (Viagra), o funcionamento é mecânico, relaxando a musculatura do pênis, aumentando o aposte de sangue ao órgão e levando o homem à ereção. São situações completamente diferentes, já que o Viagra age no momento do consumo, enquanto a pílula rosa demora de quatro a seis semanas para começar a fazer efeito e o uso é diário”, explica Maria Jamile.
Segundo Maria Jamile, a pílula desenvolvida para o homem demorou cerca de seis meses para virar realidade e o medicamento para o prazer feminino levou mais de cinco anos e foi reprovado três vezes antes de ganhar o tão sonhado “sim”. Por aí é possível ver a complexidade”.
Segundo a profissional com quase 30 anos de atuação na área, uma questão central deve ser levantada quanto o assunto é a pílula rosa. “Até que ponto o prazer da mulher poderá ser regulado por uma pílula?”, interroga. Na opinião de Jamile, a baixa libido feminina vai além de aspectos físicos, mas “está ligada a causas fisiológicas, psicológicas ou culturais, como cansaço, rotina, falta de diálogo, parceiro com ejaculação precoce, agressividade, falta de atenção e carinho”, diz ela, que houve relatos como estes constantemente em seu consultório.
“Em minha opinião, dificilmente uma pílula vai resolver esses problemas, mas para aquelas mulheres que não tem nenhuma dessas queixas, creio sim, que o medicamento poderá ajudar e muito”, pontua.
Polêmicas à parte, o debate ainda está engatinhando e o medicamento sequer chegou ao Brasil. Para prescrevê-lo os profissionais daqui terão que receber um treinamento. O medicamento também provoca uma série de efeitos colaterais como risco de desmaio, sonolência, pressão baixa e enjoo, o que indica que resultados de estudos mais aprofundados deverão vir por aí. Não tome nenhum medicamento sem antes conversar com seu médico para esclarecer as dúvidas.