Jotta Oliveira – em Piranhas
(Foto: Reprodução/WhatsApp)
Circula nas redes sociais, desde a manhã da última segunda-feira (16/01), um texto noticiando um fato falso, onde dois menores teriam sido presos após terem sido flagrados praticando tráfico de drogas em Piranhas, município da região oeste de Goiás. As postagens com a notícia falsa, que também são acompanhadas de fotos e imagens de documentos pessoais, usam, sem autorização, o Tribuna Piranhense como fonte. Publicações foram feitas por diversos usuários do WhatsApp, Facebook e de outras redes sociais.
O Tribuna Piranhense esclarece que não publicou nenhuma matéria com o conteúdo falso e ressalta que, de acordo com o artigo 247 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional, pode gerar uma multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Ainda conforme o artigo 247 do ECA, em seu inciso primeiro, “incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente”.
Segundo Jotta Oliveira, redator-chefe do Tribuna Piranhense, o jornal é criterioso na apuração das informações recebidas e no respeito a legislação vigente.
– O texto, divulgado nas redes sociais, expõe sinais claros de uma notícia falsa. Existes diversos erros de concordância, pontuação, letras maiúsculas e minúsculas, entre outros. Nem mesmo conseguiram digitar o endereço correto de nosso portal de notícias. Note que eles usam o .br no link divulgado (www.tribunapiranhense.com.br). O endereço correto para acessar o Tribuna Piranhense termina com .com (www.tribunapiranhense.com)”, explica Oliveira.
“Fiat Uno roubado com bebê dentro”. “Tarado do perfume usa fragrância para apagar as vítimas”. “Reunião entre facções criminosas agenda ataques a motoristas”. “Ambulante vende água batizada para roubar carros”. Se você é usuário de qualquer rede social, em especial o WhatsApp, muito provavelmente já recebeu mensagens sobre estes e outros casos mirabolantes que têm corrido a internet. Além do tom alarmista, todas têm uma característica em comum: são mentiras que somente disseminam pânico e prejudicam a vida dos envolvidos, quando fotos e nomes são irresponsavelmente divulgados.
Ainda que cercado de boas intenções, o gesto de compartilhar boatos web afora pode ter desdobramentos trágicos. Neste caso especifico citado nesta matéria, por exemplo, e mãe de um dos adolescentes envolvidos tem problemas de saúde e passou mal quando viu o filho envolvido. Mas atenção! Tudo o que acontece na internet deixa rastros, dá para identificar e, ainda que seja preciso analisar caso a caso, a pessoa responderá se for verificada a prática de infração penal. Repassar uma mentira sobre alguém é um crime. Dessa forma, na teoria, tanto quem iniciou quanto quem compartilhou pode ser punido. Quem se sentir lesado deve procurar a delegacia mais próxima.
Como identificar
Tom alarmista
Os boatos infundados têm sempre tom alarmista, repleto de termos como “cuidado”, “alerta”, “atenção”… Em muitos casos, as palavras-chave vêm em caixa alta (maiúsculas), logo no início da mensagem.
Sem referência a tempo
Outra característica comum é a falta de referência temporal clara. Usa-se “esta semana”, “amanhã”, “na sexta-feira” e afins, mas nunca dia, mês e ano específicos. Quando citam datas e horários, geralmente se contradizem com outros fatos.
Mas e os envolvidos?
A imprecisão repete-se nos quesitos local do fato e envolvidos. Na maior parte das vezes, surgem apenas dados genéricos, sem especificar, por exemplo, um nome de rua ou de pessoas ligadas à situação em questão.
Português errado
Também é frequente que os textos contenham erros de português. Reparou em concordâncias mal feitas ou grafias incorretas? Desconfie.
Falta de fontes ou uso de fonte popular e que, geralmente, são confiáveis para a grande maioria do público
Por fim, a característica mais marcante: a falta de fontes confiáveis, ou de links que sustentem uma fonte citada equivocadamente. Checagem é algo básico, e uma busca rápida já ajuda a matar a charada. Evita clicar no link postado. Na dúvida navegue você mesmo até o site da fonte citada.