(Foto: Divulgação)
Quatro anos depois, familiares de oito vítimas do acidente com o helicóptero AW-119 Koala, da Polícia Civil (PC), que caiu na zona rural de Piranhas, na região oeste de Goiás, podem, enfim, conhecer o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). A causa: falha do motor em voo. Mas o que causou essa falha deve ficar por mais um tempo como uma interrogação para as famílias e toda a sociedade goiana. O laudo, no entanto, aponta alguns fatores contribuintes para o acidente.
O dia 8 de maio de 2012 foi um marco negativo na história de Goiás, com o acidente que vitimou cinco delegados, dois peritos e um custodiado do Estado. O grupo voltava de Doverlândia, após ter trabalhado todo o dia na reconstituição de uma chacina em que sete pessoas foram mortas. Aparecido de Souza Alves havia confessado o crime. O itinerário era sair do município e fazer uma parada em Piranhas para abastecer a aeronave, que era de propriedade do Estado há dois anos. Desde então, o inquérito aberto na PC aguardava o relatório do Cenipa e familiares das vítimas buscavam o mesmo documento na tentativa de responder o que aconteceu.
O relatório de 89 páginas já na terceira folha deixa claro que não tem como finalidade nenhum outro uso “que não o de prevenção de futuros acidentes”. Servindo para “quantificar o grau de contribuição dos fatores contribuintes, incluindo as variáveis que condicionam o desempenho humano, sejam elas individuais, psicossociais ou organizacionais, e que possam ter interagido, propiciando o cenário favorável ao acidente”. Mas na conclusão há quinze fatos e dez fatores contribuintes para o que ocorreu.
Em suma, a manutenção extemporânea da aeronave seria um dos fatores contribuintes, assim como uma possível contaminação de combustível que não pode ser comprovada, um excesso de peso na aeronave e até mesmo a “possibilidade de que os pilotos não tenham atuado com o tempo de resposta adequado para evitar uma queda excessiva de RPM do rotor principal logo após a falha do motor”. O relatório final, com assinatura do dia 4 de março deste ano, afirma também que os pilotos poderiam ter tido uma atitude complacente “em consentir a retirada da aeronave em situação não aeronavegável”.
Sobre a Fênix Manutenção e Recuperação de Aeronaves Ltda., empresa responsável pela manutenção da aeronave, a Cenipa aponta que não ficou comprovado que a empresa tenha feito qualquer reparo no helicóptero no período que estava suspensa pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Isso porque a aeronave foi retirada do local antes disso, justamente pela necessidade de realizar a viagem. O documento fala que a retirada se deu “em antecipação à greve da Polícia.”