A partir deste mês, Goiás passa a realizar exames para zika vírus no próprio Estado, no Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO), com os insumos recebidos do Ministério da Saúde. Até então, o governo federal enviava ao Estado uma cota de 40 testes que eram colhidos no Lacen e feitos no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. Além disso, a própria gestão estadual está em processo de compra de insumos, o que aumentará ainda mais a capacidade. Entretanto, ainda assim, de acordo com o coordenador do Laboratório de Virologia do Lacen, Vinicius Lemes, o número não conseguirá atender a toda a demanda.
Com a relação confirmada entre o vírus e bebês com microcefalia, houve a liberação para superar a cota estabelecida pelo Ministério. De acordo com Vinícius, Goiás ultrapassou pelo menos três vezes a cota de 40 exames. Do governo federal, o Lacen deve receber material suficiente para fazer de 120 a 150 testes por mês, e a intenção é que dure cerca de três meses. A compra que está sendo feita pelo Estado, conforme Vinícius, também visa realizar a mesma quantidade de exame, até o fim do ano.
O secretário de Saúde do Estado, Leonardo Vilela, usará a coletiva de imprensa sobre os números do boletim da dengue e os resultados da operação Goiás contra o Aedes, hoje, para falar também dos exames de zika em Goiás. Os insumos também possibilitarão o diagnóstico de chikungunya. O coordenador do laboratório de virologia do Lacen explicou que a prioridade da realização dos testes continuará sendo as grávidas.
Conforme Vinícius, o ministério enviou uma remessa de insumos para todos os Lacens capacitados. “A compra do Estado irá possibilitar manter um fluxo interno sem depender do governo federal”, frisou, explicando que a cota federal continuará sendo usada.
De acordo com Vinícius, o ministério disse que enviaria os insumos, mas logo avisou que a quantidade seria pequena, e para que os Estados começassem processo de compra. No segundo semestre, após período chuvoso, Vinícius acredita que há possibilidade da oferta de exames seja maior que a demanda.
Valor Alto
Vinicius Lemes explicou que um teste para o diagnóstico de zika vírus custa ao Estado entre 200 a 400 reais. Se, por exemplo, 150 exames forem feitos no Estado, ao custo de 300 reais, valor investido pela gestão seria R$ 45 mil. “Se eu penso nesse valor e o que ele corresponde, eu preciso otimizar a realização”, frisou.
Na rede particular também existe a dificuldade para realização do exame em decorrência do valor. Mesmo pessoas com plano de saúde terão que tirar mais dinheiro do bolso para custear o teste. Na Unimed, por exemplo, valor é 525 reais. Em laboratórios de Goiânia, valor varia de 450 reais a R$ 1.600.
Até o momento, para detecção de zika, existe somente o exame molecular (PCR), que consegue identificar o vírus durante o período sintomático, cerca de cinco dias. O médico infectologista Boaventura Braz explicou que o exame ainda é caro por ser PCR. Conforme ele, este tipo de teste geralmente tem um custo mais elevado por conta dos insumos e a capacidade de poucos laboratórios fazerem.